terça-feira, 30 de abril de 2013





Por Wayne Grudem 

Existe algum papel a ser desempenhado pelos estudiosos da Bíblia ou por aqueles com
conhecimento especializado em hebraico (para o AT) e em grego (para o NT)? Certamente há uma função para eles em ao menos quatro áreas.


Primeiro, eles podem ensinar a Escritura com muita clareza, comunicando o seu conteúdo a outros, e assim cumprem o ofício de ”mestre”, que é mencionado no NT (lCo 12.28; Ef 4.11).


Segundo, eles podem explorar novas áreas para o entendimento dos ensinos da Escritura. Essa exploração raramente envolverá a negação dos principais ensinos que a igreja tem sustentado através dos séculos; muitas vezes, no entanto, envolverá a aplicação da Escritura a novas áreas da vida, em resposta às questões difíceis que têm sido levantadas tanto por crentes como por não-crentes em cada novo período da história, bem como a contínua atividade de refinar e tornar mais preciso o entendimento da igreja dos pontos detalhados de interpretação de versículos isolados ou de assuntos de doutrina ou de ética.


Terceiro, eles podem defender os ensinos da Bíblia contra os ataques de outros estudiosos ou daqueles com treinamento técnico especializado. O papel de ensino da Palavra de Deus às vezes envolve a correção de falsos ensinos. Uma pessoa deve ser capaz não somente de “encorajar outros pela sã doutrina”, mas também de “refutar os que se opõem a ela” (Tt 1.9; 2Tm 2.25: “Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem...”; e Tt 2.7,8). Algumas vezes, os que atacam os ensinos bíblicos têm treinamento especializado e conhecimento técnico em estudos históricos, lingüísticos ou filosóficos e usam esse preparo para montar ataques sofisticados contra o ensino da Escritura. Em tais casos, os crentes com habilidades especializadas semelhantes podem usar seu preparo para entender e responder a tais ataques. 


Em última análise, eles podem suplementar o estudo da Escritura para o benefício da igreja. Estudiosos da Bíblia muitas vezes têm o preparo que os capacitará a relacionar os ensinos da Escritura à rica história da igreja e a tornar a interpretação da Escritura mais precisa, bem como o seu significado mais vívido, relacionado ao conhecimento maior das línguas e culturas nas quais a Bíblia foi escrita.

Essas quatro funções beneficiam a igreja como um todo, e todos os crentes devem ser
agradecidos por aqueles que as realizam. Contudo, essas funções não incluem o direito de
decidir pela igreja como um todo qual é a verdadeira ou falsa doutrina, ou qual é a conduta
adequada para uma situação difícil. Se tal direito de preservação fosse dos estudiosos da Bíblia formalmente treinados, então eles se tornariam a elite governante na igreja, e o funcionamento ordinário do governo da igreja, como descrito no NT, cessaria de existir. O processo de tomar decisões pela igreja deve ser deixado aos oficiais da igrejas, sejam eles estudiosos ou não (e, nas igrejas onde há a forma congregacional de governo, não somente aos oficiais, mas também às pessoas da igreja como um todo). 

Fonte: Teologia Sistemática do Autor; Ed. Vida Nova

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott