segunda-feira, 16 de setembro de 2013


 Queridos,
Acho que o método certo para analisarmos esta questão e outras é estabelecermos os princípios bíblicos que controlam o assunto. Sem o referencial bíblico ficaremos às apalpadelas. Menciono alguns princípios bíblicos que controlam a questão do LAZER do crente — pois é aqui que se encaixa o assunto.

 1. É dever do crente fazer todas as coisas para a glória de Deus. Isto inclui o lazer. Portanto, qualquer forma de lazer em que o crente não consiga glorificar a Deus deveria ser questionada. Esclareço que eu iria a um show de artistas cujo conteúdo, ambiente, letra das músicas, apresentação pessoal dos artistas (alguns se apresentam semi-despidos) não ofendam as virtudes cristãs nem os valores morais do Cristianismo.

 2. Também é dever do crente desfrutar com moderação de todas as coisas boas que Deus criou, usando com moderação a alegria, o sono, a alimentação, os exercícios e certamente o lazer também. O lazer não pode se transformar num ídolo, e receber o primeiro lugar em minha vida. Cristo é quem deve ter esta prioridade.

3. O cristão deve evitar todas as ocasiões à impureza, em que a tentação é maior e mais pesada; deve evitar a sociedade com ímpios e devassos; sua mente deve estar sempre ocupada com “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4:8). Tenho certeza que a letra de algumas músicas de alguns artistas não se pode encaixar aqui. Não vejo como um crente pode descontrair-se e agitar-se ao som de uma música que exalta a infidelidade conjugal ou idolatra o homem ou a mulher.

4. Compete ao cristão também “examinar todas as coisas e reter o que é bom”. Não devemos reter o mal e nem nos deliciarmos nele. Se estou escutando uma música que exalta o amor homossexual, ou a violência contra a mulher, ou o adultério, ou uma relação promíscua, certamente não devo ter prazer algum nestas coisas. Por outro lado, tem muita letra boa e sã, sem maldade ou malícia. Tudo OK, nestes casos. A graça comum de Deus permite que algumas coisas boas ainda sejam produzidas pela humanidade não regenerada.

5. Por último, o amor a Cristo e ao próximo precede o uso da liberdade cristã. Se no uso da minha liberdade irei ser escândalo para o Evangelho ou outros irmãos, me compete abrir mão por amor.
Apesar da “cultura de proibição de programas para a juventude” que foi mencionada numa mensagem da lista, não podemos esquecer que o crente é escravo de Deus e que tem com única regra de fé e prática a Bíblia. Até na hora de descontrair.

Um abraço,

Pr. Augustus
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sexta-feira, 23 de agosto de 2013



É preciso um poder sobrenatural para ser paciente. Essa é a razão porque Paulo parece exagerar no modo como ora por nossa paciência: Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e paciência; com alegria (Cl 1.11). Mas esse glorioso poder torna-se parte de nossa atitude através das promessas nas quais cremos. Como Romanos 8.28
.
Benjamin B. Warfield foi um renomado e mundialmente conhecido teólogo que ensinou no Seminário de Princeton por quase 34 anos, até sua morte em 16 de fevereiro de 1921. Muitos conhecem seus famosos livros, como A Inspiração e Autoridade da Bíblia. Mas o que muitas pessoas não sabem é que, em 1876, com a idade de 25 anos, ele casou-se com Annie Kinkead e viajaram para a Alemanha, em lua-de-mel. Durante uma violenta tempestade Annie foi atingida por um raio e ficou permanentemente paralisada. Após cuidar dela por 39 anos, Warfield sepultou-a em 1915. Em função das grandes necessidades de sua esposa, ele raramente se ausentava de casa por mais de 2 horas, durante todos os anos de seu casamento (Great Leaders of the Christian Church, p. 344.).

Bem, esse é, realmente, um sonho desfeito. Eu me recordo de dizer à minha esposa, na semana anterior ao nosso casamento: “Se nós sofrermos um acidente de carro em nossa lua-de-mel, e você ficar desfigurada ou paralisada, eu manterei meus votos ‘na alegria ou na tristeza’”. Mas para Warfield isso realmente aconteceu. Sua esposa nunca foi curada. Diferentemente de José, que sofreu, mas veio a ser primeiro-ministro do Egito, não houve ascensão ao poder do Egito, no final da história de Warfield. Apenas a extraordinária paciência e fidelidade de um homem a uma mulher, por 39 anos, numa situação que nunca havia sido planejada – pelo menos não pelos homens.

Mas quando Warfield expôs seus pensamentos sobre Rm 8.28, ele disse: A idéia fundamental é o governo universal de Deus. Tudo que acontece a você está debaixo de Suas mãos. A idéia secundária é o favor de Deus para com os que O amam. Se Ele governa tudo, então nada exceto o bem pode sobrevir àqueles a quem Ele faz o bem… Ainda que sejamos fracos demais para nos ajudar, e cegos demais para pedir o que necessitamos, e possamos apenas gemer em anseios deformados, Ele mesmo é o autor de tais anseios em nós… e Ele dirigirá todas as coisas a fim de que recebamos somente o bem, de tudo o que nos acontece (Faith and Life, p. 204).

Extraido de: Monergismo
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segunda-feira, 19 de agosto de 2013


Outro dia recebi uma carta interessante. Ela veio de algumas pessoas que saíram de uma igreja carismática (muito grande e proeminente), e vieram para a Grace Community Church. Esse foi um salto gigantesco – deixar aquela igreja e vir para a Grace Church. A única coisa que eles sabiam em sua igreja sobre mim era que eu não tinha o poder do Espírito Santo. Isso era tudo o que sabiam – que eu não cria na continuação dos dons, de forma que não tinha o poder do Espírito Santo.

Eles não sabiam muito mais sobre a nossa igreja, mas numa ocasião vieram visitar a Grace, e nunca mais a deixaram… Havia várias pessoas que estavam nesse grupo que veio, e uma das senhoras me escreveu uma carta muito interessante. Era uma carta incrivelmente bem escrita… E na carta, o apresentado foi isso: Quando você pensa no movimento carismático em geral, você pensa no falar em línguas, nas curas, ou em Benny Hinn derrubando as pessoas, e coisas assim. Mas existem algumas coisas por detrás da cosmovisão carismática que são realmente muito, muito aterrorizantes. E ela colocou isso na carta.

Ela disse:
Você sabe que vivemos toda a nossa vida nesse movimento e uma coisa que domina esse movimento é isso: que Satanás é soberano. Se você adoece, foi o diabo. Se seu filho fica doente, foi o diabo. O diabo fez seu filho adoecer. E mesmo que seu filho morra, Satanás de alguma forma tem a vitória. Se o seu cônjuge, seu marido ou esposa desenvolve um câncer, foi o diabo que fez isso. Se você sofre um acidente, o diabo fez isso. Se perde o seu emprego, foi o diabo também. Se as coisas não saem da forma como você queria na sua empresa ou família, e você termina perdendo o seu emprego ou se divorciando – o diabo fez tudo isso. O diabo precisa ser amarrado e assim, você precisa aprender essas fórmulas, pois você tem que prender o diabo, ou ele realmente irá controlar tudo em sua vida.

O diabo domina tudo, e ele é assistido por essa força massiva de demônios que devem ser confrontados também, e você precisa fazer tudo o que pode para tentar vencer esses poderes espirituais, e como eles são invisíveis, rápidos e poderosos, é realmente impossível que você lide com eles de uma vez por todas, de forma que essa é uma luta contínua e incessante com o diabo.

E a senhora na carta disse basicamente isso: “Vivemos toda a nossa vida pensando que tudo o que fazemos de errado no universo inteiro foi basicamente por causa do diabo. O diabo é realmente soberano em tudo e mesmo Deus, juntamente conosco, está na verdade lutando como louco para vencer o diabo.”

Ela disse:
“Eu vivia com palpitações no coração, ataques de pânico, ansiedade, pesadelos – andando no meio da noite com medo que o diabo poderia estar fazendo algo com meu filho, quando ele ia se deitar. Eu vivia nesse constante terror do que Satanás estava fazendo; quando a pessoa errada era eleita, foi Satanás quem o colocou ali. Quando a sociedade tomava certa direção, era tudo sob o controle de Satanás. Satanás é realmente o soberano de todas as coisas e é muito difícil tirar o controle dele – mesmo Deus está retorcendo Suas mãos, tentando obter o controle dessa situação. Eu vivia com esse medo e terror, pois levava minha igreja muito a sério.” E ela disse: “Cheguei na Grace Community Church e uma coisa me chocou totalmente.

Você disse:
‘O fato é: Deus está no controle de todas as coisas!… Quando você adoece, ou quando alguém desenvolve um câncer, ou quando algo errado se passa no mundo, ou quando você perde o seu emprego, isso não está fora das tolerâncias de Deus, isso não está fora dos propósitos de Deus. De fato, Deus faz com que todas as coisas cooperem para o bem.’

Isso foi absolutamente abalador. Foi uma mudança total para nós, e a diferença que encontramos foi tão poderosa, que mudou totalmente a forma como pensamos sobre a vida.” É isso! Nós não cremos que Satanás seja responsável pela história; cremos que Deus está no controle. Isso muda tudo. Isso dissipa todo pânico. Posso honestamente dizer que nunca tive um ataque de pânico. Nunca acordei de noite com medo do que o diabo poderia estar fazendo, pois Deus não somente venceu Satanás, mas colocou Satanás debaixo dos nossos pés, e “maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1 João 4:4). Assim, sabemos que Deus controla a história. E isso pode surpreender você, mas o diabo é servo de Deus. Se você quer ler um livro excelente, leia o livro de Erwin Lutzer sobre Satanás, no qual ele apresenta isso de forma muito competente.

extraído de: Monergismo
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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Reflexões sobre a igreja



O catecismo maior de Westminster define igreja visível e invisível como:

62. Que é a Igreja visível? 
A Igreja visível é uma sociedade composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares do mundo, professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos.
1 Cor. 1:2; Gen. 17:7; At. 2:39; 1 Cor. 7:14. 

64. Que é a Igreja invisível? A Igreja invisível é o número completo dos eleitos, que têm sido e que hão de ser reunidos em um corpo sob Cristo, a cabeça.
Ef. 1:10; 22-23; João 11:52 e 10:16.

​... Cristo é o cabeça da igreja...(Ef 5:23)

A igreja é a comunidade dos santos do mundo inteiro (invisível) , sendo ela composta por diferentes pessoas de diferentes gostos , essa diferença é notável, Na igreja existem pessoas de diferentes épocas , do passado e do presente e as pessoas que ainda irão fazer parte, é composta por pessoas de diferentes lugares , ou seja de diversas partes do mundo, é constituida por pessoas de diferentes classes sociais , ricos , pobres e nela estão incluidas pessoas de diferentes graus de escolaridade , desde doutores , advogados, engenheiros, á pedreiros, carpinteiros e sapateiros , e é composta por pessoas de diferentes idades desde recém nascidos até adolescentes, jovens e idosos e na sua composição existem pessoas de diferentes comportamentos , e com diferentes problemas.


No sentido humano não existe muita semelhança entre as pessoas que constituem a igreja , são pessoas BEM diferentes, se esse "grupo" fosse unido por mera vontade humana seria um grupo incomum não é verdade ? as pessoas que formam esse grupo são totalmente diferentes , mas sabemos que não é a vontade humana que constitue a igreja , quem une a igreja é Cristo que é a cabeça, e a igreja que é o corpo de Cristo, todos os Cristãos estão unidos em Cristo, confiando em sua palavra, esperando sua vinda, unidos em sua morte e ressurreição.  

​Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, (Cl 1:18)

​no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos. (Cl 3:11)


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O termo ‘Presbiteriana’ refere-se à forma de governo que é usada por uma igreja ou grupo de igrejas. Ela deriva seu significado da palavra grega ‘presbuteros’, que é usada por todo o Novo Testamento em conexão com o governo da igreja, e é geralmente traduzida como ‘presbítero/ancião’. Uma igreja Presbiteriana governa sua congregação por presbíteros docentes (o pastor) e presbíteros regentes (cristãos maduros na congregação com os devidos dons). Juntos eles constituem o ‘Conselho’ e unidos com ‘Conselhos’ de outras igrejas da sua região e denominação formam um ‘Presbitério’. O papel dos presbíteros ou Conselho em cada igreja é promover e proteger a pureza e paz dos seus membros. Seu governo é de natureza eclesiástica (pertencente à igreja) e espiritual. Aqueles ordenados recebem a incumbência de supervisionar diligentemente o rebanho ao seu cuidado, sendo um exemplo bom e humilde, ensinando, exortando e encorajando a congregação com a sã doutrina, orando continuamente por seu povo, visitando os doentes, administrando os sacramentos, disciplinando o desobediente e impenitente, e governando o culto de adoração e as reuniões da igreja de uma maneira que reflita o amor e cuidado de
Jesus Cristo, o Bom Pastor.

As igrejas Presbiterianas encontram suas raízes na Escócia durante a Reforma de meados de 1500. John Knox, um discípulo de João Calvino, ajudou a reformar as igrejas na Escócia nessa forma de governo
Muitas outras igrejas por toda a Europa também reformaram o governo da igreja de acordo com o modelo no Novo Testamento, embora somente as igrejas escocesas e algumas igrejas inglesas usaram o nome ‘Presbiteriana’. O governo da igreja Presbiteriana está em contraste com duas outras formas de governo eclesiástico, o hierárquico e o congregacional. A forma hierárquica é vista mais claramente na igreja Católica Romana, onde existem muitos níveis diferentes de ofício, cada nível subordinado a um mais alto, e encabeçado pelo Papa. As igrejas congregacionais, por outro lado, são separadas e autônomas de todas as outras no governo. Os Reformados criam que o único Cabeça da Igreja era o próprio Cristo, que age por meio dos ofícios que Ele claramente instituiu em Sua palavra, e não por meio de um único líder sobre a Terra. Eles também criam na manutenção de um senso de unidade e propósito com outras igrejas, especialmente em questões de recurso e política denominacional.

Foto: Catedral presbiteriana do Rio de Janeiro
Veja Atos 20.17-36; 1 Timóteo 3.1-7, 5.17; Tito 1.5-9: 1 Pedro 5.1-7
Fonte: http://www.cloverepc.org/
Retirado de : http://www.monergismo.com/textos/igreja/o-que-presbiteriana_chuck-baynard.pdf
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segunda-feira, 12 de agosto de 2013



Tal como ‘calvinismo’ e ‘teologia reformada’, estes dois termos (‘reconstrucionismo’ e ‘teonomia’) são volta e meia usados como sinônimos. Porém, é melhor entendê-los, respectivamente, como gênero e espécie. Ou seja: adesão ao calvinismo é uma parte do que significa ser um reformado mas não é a coisa completa. De forma similar, pode-se sugerir que teonomia é parte do conjunto mais amplo de convicções denominado de ‘reconstrucionismo’. Teonomia pode ser entendida como a persuasão de que a lei civil que Deus deu a Israel no Antigo Testamento também deveria ser a lei corrente em todas as nações do mundo.


Já o reconstrucionismo, caso não seja visto como um mero sinônimo, abrange, além de convicções teonômicas, uma escatologia otimista: a convicção de que o reino de Deus está crescendo e, antes do retorno de Cristo, cobrirá o mundo como as águas cobrem o mar. Teonomia também inclui, em grande parte, um compromisso com a apologética (defesa da fé) vantiliana (isto é, de Van Til), também conhecida como ‘pressuposicionalista’. Tal perspectiva sugere, dependendo de quem a defende, que devemos pressupor a existência de Deus no intuito de provar a Sua existência, ou então que é impossível e perverso tentar provar a Sua existência (e, assim deveríamos simplesmente a pressupor). Outras pessoas acrescentam ainda mais detalhes ao definir o reconstrucionismo (por exemplo, a teologia do pacto), mas estes quatro (calvinista na teologia, teonômico na ética, otimista na escatologia e pressuposicional na apologética) são os principais elementos.


Há dois pontos importantes. Primeiro, independente de se adotar a teonomia ou não, todos nós cristãos deveríamos ser teonomistas de alguma forma. Meus amigos teonomistas sempre propõem duas alternativas: “autonomia ou teonomia!”, eles dizem. E, obviamente, estão corretíssimos. Nós teremos ou a lei humana ou a lei divina, e somente um néscio prefiriria os homens a Deus. A questão, então, se corretamente entendida, não é se devemos ter a lei que Deus quer que tenhamos. A questão, pelo contrário, é a respeito de qual lei Deus quer que nós tenhamos. Será que Deus deu a lei civil (isto é, a lei que diz respeito ao governo) a Israel como um paradigma ou padrão para a legislação ideal de qualquer Estado?


A Confissão de Westminster nos convoca a adotar o que os teólogos na época chamavam de ‘equidade geral’ da lei. Isto é, embora haja princípios fundamentais da justiça de Deus em operação na instituição da lei civil do Antigo Testamento, talvez seja necessário dar os ajustes apropriados e levar em conta que o nosso contexto é diferente daquele. Um exemplo comum é o seguinte: no Israel do Antigo Testamento, os proprietários de imóveis tinham que ter cercas nos seus telhados. Tal lei faria pouco sentido nos nossos dias, pois não temos o hábito de passar o tempo em cima das nossas casas. A ‘equidade geral’ sugere que o objetivo desta regra é a segurança física dos familiares e dos eventuais hóspedes. Assim, pode-se dizer que os proprietários modernos deveriam ter ‘cercas’ nas suas piscinas. Uma medida para o seu nível de proximidade em relação à teonomia como ideologia é refletido na precisão da sua aplicação dessa ‘equidade geral’.


Em segundo lugar, cuidado! Não dê ouvidos àqueles críticos que não entendem coisa alguma de teonomia ou de reconstrução. Aqueles de esquerda (teológica e politicamente) gostam de retratar os teonomistas e reconstrucionistas, herdeiros dos puritanos, como se fossem ‘jihadistas evangélicos’ do inferno que desejam impor um regime fascista calvinista sobre o resto do mundo. Isso é uma calúnia sem par! Os teonomistas, bem como o resto de nós cristãos, querem ver justiça no âmbito político. Eles querem ver as nações serem disciplinadas. Eles querem que o reino se manifeste. Eles querem ver todo joelho se dobrar e toda língua confessar que Jesus Cristo é Senhor. E quem é que, estando em Seu reino, poderia desejar outra coisa?


Fonte: Ligonier Ministries
Tradução: Lucas G. Freire
 Retirado de : http://www.monergismo.com/rcsprouljr/que-e-reconstrucionismo-e-teonomia/
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quinta-feira, 25 de julho de 2013


Isto posto, é inteiramente gratuito o que se ouve de alguns, isto é, que a religião foi engendrada pela sutileza e argúcia de uns poucos, para com esta artimanha manterem em sujeição o populacho simplório, ao mesmo tempo em que, entretanto, nem os mesmos que foram os inventores da adoração de Deus para os outros creriam existir algum Deus!

Sem dúvida confesso que, a fim de manterem o espírito mais obediente a si, homens astutos têm inventado muita coisa em matéria de religião, para com isso infundirem reverência ao poviléu e inculcar-lhe temor. Isso, no entanto, em parte alguma teriam conseguido não fosse que já antes a mente humana tivesse sido imbuída dessa firme convicção acerca de Deus, da qual, como de uma semente, emerge a propensão para a religião.

E por certo não é de crer-se que tenham carecido totalmente do conhecimento de Deus os mesmos que, sob pretexto de religião, habilidosamente exploravam aos menos esclarecidos. Pois, ainda que no passado tenham existido alguns, e hoje eles não são poucos, que neguem existir Deus, contudo, queiram ou não queiram, de quando em quando acode-lhes certo sentimento daquilo que desejam ignorar.

Texto retirado do livro : As institutas
 Obs: O titulo do post foi criado pelo blogger não consta na obra original.


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quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Verdadeiro Mestre da Piedade - João Calvino


 Eu o recebo nestes termos: não só que uma vez ele criou este mundo, e de tal forma o sustém por seu imenso poder; o regula por sua sabedoria; o preserva por sua bondade; rege com sua justiça e eqüidade especialmente ao gênero humano; suporta-o em sua misericórdia; guarda-o em sua proteção; mas, ainda que em parte  alguma se achará uma gota ou de sabedoria e de luz, ou de justiça, ou de poder, ou de retidão, ou de genuína verdade, que dele não emane e de que não seja ele próprio a causa; de sorte que aprendamos a realmente dele esperar e nele buscar todas essas coisas; e, após recebidas, a atribuir-lhas com ação de graças.

Ora, este senso dos poderes de Deus nos é mestre idôneo da piedade, da qual nasce a religião. Chamo piedade à reverência associada com o amor de Deus que nos faculta o conhecimento de seus benefícios. Pois, até que os homens sintam que tudo devem a Deus, que são assistidos por seu paternal cuidado, que é ele o autor de todas as coisas boas, daí nada se deve buscar fora dele, jamais se lhe sujeitarão em obediência voluntária. Mais ainda: a não ser que ponham nele sua plena felicidade,verdadeiramente e de coração nunca se lhe renderão por inteiro.

Retirado do livro : As Istitutas 

O Titulo do post não consta na obra original sendo de criação deste blogger.
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terça-feira, 23 de julho de 2013


 Ora, se em pleno dia ou baixamos a vista ao solo,ou fitamos as coisas que em torno de nós se patenteiam ao olhar, parecemo-nos dotados de mui poderosa e penetrante acuidade. Quando, porém, alçamos os olhos para o sol e o miramos diretamente, esse poder de visão que sobre a terra se fazia ingente prontamente se suprime e confunde com fulgor tão intenso, de sorte a sermos forçados a confessar que essa nossa habilidade em contemplar as coisas terrenas, quando para o sol se voltou, é mera ofuscação.

Assim também se dá ao estimarmos nossos recursos espirituais. Pois, por tanto tempo quanto não lançamos a vista além da terra, mui fantasiosamente nos lisonjeamos a nós mesmos, de todo satisfeitos com nossa própria justiça, sabedoria e virtude,e nos imaginamos pouco menos que semideuses. Mas, se pelo menos uma vez começamos a elevar o pensamento para Deus e a ponderar quem é ele, e quão completa a perfeição de sua justiça, sabedoria e poder, a cujo parâmetro nos importa conformar-nos, aquilo que antes em nós sorria sob a aparência ilusória de justiça,

logo como plena iniquidade se enxovalhará; aquilo que mirificamente se impunha sob o título de sabedoria exalará como extremada estultícia; aquilo que se mascarava de poder se argüirá ser a mais deplorável fraqueza. Portanto, longe está de conformar-se à divina pureza o que em nós se afigura como que absolutamente perfeito.

Trecho retirado do livro: As Institutas 

O Titulo desse post foi criado pelo blogger não consta na obra original.
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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Os Milagres - R. C. Sproul


Ex 4.1-9; 1 Rs 17.21-24; Jo 2.11; Hb 2.1-4

Às vezes, quando jogo golfe com os amigos, na minha vez de jogar (que geralmente é marcada por um grande número de bolas dentro d'água) eu acerto uma boa tacada, fazendo a bola atravessar por cima de um lago e cair na terra firme do outro lado. Por eu ser pastor, tal proeza é recebida pelos amigos com sobrancelhas erguidas e a expressão: "É um milagre!" Qualquer criança sabe que não é preciso um milagre para atirar uma pedra por cima de um lago. Também não é preciso um milagre para fazer  uma bolinha de golfe atravessar por cima da água. Desde que a bola tenha a velocidade adequada e esteja na direção certa, a questão é simples.

O termo milagre tende a ser usado levianamente hoje em dia. Um gol no futebol, uma situação em que se escapa "por um triz", ou a beleza de um pôr-do-sol são rotineiramente chamados de milagres. Entretanto, a palavra milagre pode ser usada de três maneiras distintas. A primeira descreve eventos comuns, mas que são impressionantes. Falamos sobre o nascimento de um bebê, por exemplo, como um milagre. Ao fazer isso, glorificamos a Deus pela complexidade e pela beleza da criação. Ficamos maravilhados diante da majestade do cosmos, quando Deus opera por intermédio dos meios secundários das leis naturais, as quais são também criação dele. Aqui o termo milagre refere-se às coisas comuns que apontam para uma causa incomum no poder de Deus.

A segunda maneira em que podemos usar o termo milagre é similar à primeira. Freqüentemente, nas Escrituras, lemos sobre Deus operando através dos meios secundários num tempo e lugar mais específicos. A estrela de Belém, por exemplo, talvez tivesse uma causa natural e científica. O extraordinário alinhamento de um grupo de estrelas, ou  uma fase da lua poderiam explicar seu intenso brilho. Considerar essas possibilidades, entretanto, não torna o evento menos miraculoso. A luz espelhou seu brilho no momento do nascimento de Cristo. Mostrou o caminho de Belém aos magos.A estrela então era um milagre por ter ocorrido no tempo e no lugar certos. Tal milagre glorifica a Deus pela maneira como ele tece a tapeçaria da História de tal maneira que o evento ocorreu no momento exato, de uma maneira miraculosa.

Terceiro, milagre referem-se a atos de Deus contrariando o que é natural. Este é o uso mais técnico do termo. Jesus transformando água em vinho ou ressuscitando Lázaro dentre os mortos são exemplo de Deus operando contra suas leis da natureza. POde não haver nenhuma explicação natural para tais eventos. Servem para validar Cristo como divino Filho de Deus.

A Bíblia utiliza várias palavras para definir o conceito contido na simples palavra milagre. A Bíblia fala de sinais, maravilhas e prodígios. Em seu senso mais restrito, ligamos milagre à palavra bíblica para sinal. Milagres são chamados de sinais porque, como todos os sinais, eles apontam, para além de si mesmo, para algo mais significativo. Deus usou os milagres para provar ou atestar seus agentes da revelação divina (Hb 2.3,4). Deus deu poder a Moisés para realizar milagres a fim de demonstrar que o tinha enviado. Da mesma maneira, o Pai autenticou o ministério do Filho por meio dos sinais que ele operou.

Atualmente existem três perspectivas diferentes de milagres. A primeira é a visão cética que nega que os milagres possam ocorrer. A segunda visão argumenta que os milagres aconteceram nos tempos bíblicos e continuam a acontecer hoje. A terceira visão á a que os verdadeiros milagres aconteceram na Bíblia, mas que Deus cessou de operar milagres uma vez que a revelação foi estabelecida nas Escrituras. Essa visão sustenta que Deus ainda opera no mundo de maneira sobrenatural, mas não concede mais poderes de
operar milagres a seres humanos.

Sumário
1. A Bíblia fala sobre sinais, prodígios e maravilhas.
2. A Bíblia registra diferentes tipos de milagres.
3. Todo milagre é uma evento sobrenatural, mas nem todo evento sobrenatural constitui
um milagre.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 1º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.
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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Carta de João Calvino a Lutero



por João Calvino

21 de Janeiro de 1545
 
Ao mui excelente pastor da Igreja Cristã, Dr. M. Lutero, [1] meu tão respeitado pai. Quando disse que meus compatriotas franceses, [2] que muitos deles foram tirados da obscuridade do Papado para a autêntica fé, nada alteraram da sua pública profissão, [3] e que eles continuam a corromper-se com a sacrílega adoração dos Papistas, como se eles nunca tivessem experimentado o sabor da verdadeira doutrina, fui totalmente incapaz de conter-me de reprovar tão grande preguiça e negligência, no modo que pensei que ela merece. O que de fato está fazendo esta fé que mente sepultando no coração, senão romper com a confissão de fé? Que espécie de religião pode ser esta, que mente submergindo sob semelhante idolatria? Não me comprometo, todavia, de tratar o argumento aqui, pois já o tenho feito de modo mais extenso em dois pequenos tratados, em que, se não te for incomodo olha-los, perceberá o que penso com maior clareza que em ambos, e através da sua leitura encontrará as razões pelas quais tenho me forçado a formar tais opiniões; de fato, muitos de nosso povo, até aqui estavam em profundo sono numa falsa segurança, mas foram despertados, começando a considerar o que eles deveriam fazer. Mas, por isso que é difícil ignorar toda a consideração que eles têm por mim, para expor as suas vidas ao perigo, ou suscitar o desprazer da humanidade para encontrar a ira do mundo, ou abandonando as suas expectativas do lar em sua terra natal, ao entrar numa vida de exílio voluntário, eles são impedidos ou expulsos pelas dificuldades duma residência forçada. Eles têm outros motivos, entretanto, é algo razoável, pelo que se pode perceber que somente buscam encontrar algum tipo de justificativa. Nestas circunstâncias, eles se apegam na incerteza; por isso, eles estão desejosos em ouvir a sua opinião, a qual eles merecem defender com reverência, assim, ela servirá grandemente para confirmar-lhes. Eles têm me requisitado de enviar um mensageiro confiável até você, que pudesse registrar a sua resposta para nós sobre esta questão. Pois, penso que foi de grande conseqüência para eles ter o benefício de sua autoridade, para que não continuem vacilando; e eu mesmo estou convicto desta necessidade, estive relutante de recusar o que eles solicitaram. Agora, entretanto, mui respeitado pai, no Senhor, eu suplico a ti, por Cristo, que você não despreze receber a preocupação para sua causa e minha; primeiro, que você pudesse ler atentamente a epistola escrita em seu nome, e meus pequenos livros, calmamente e nas horas livres, ou que pudesse solicitar a alguém que se ocupasse em ler, e repassasse a substância deles a você. Por último, que você escrevesse e nos enviasse de volta a sua opinião em poucas palavras. De fato, estive indisposto em incomodar você em meio de tantos fardos e vários empreendimentos; mas tal é o seu senso de justiça, que você não poderia supor que eu faria isto a menos que compelido pela necessidade do caso; entretanto, confio que você me perdoará. Quão bom seria se eu pudesse voar até você, pudera eu em poucas horas desfrutar da alegria da sua companhia; pois, preferiria, e isto seria muito melhor, conversar pessoalmente com você não somente nesta questão, mas também sobre outras; mas, vejo que isto não é possível nesta terra, mas espero que em breve venha a ser no reino de Deus. Adeus, mui renomado senhor, mui distinto ministro de Cristo, e meu sempre honrado pai. O Senhor te governe até o fim, pelo seu próprio Espírito, que você possa perseverar continuamente até o fim, para o benefício e bem comum de sua própria Igreja. 
Extraído de Letters of John Calvin: Select from the Bonnet Edition with an introductory biographical sketch (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 1980), pp. 71-73.

[1] - Nota do tradutor: O especial interesse por esta carta, pelo que sabemos, é que ela é a única que Calvino escreveu a Lutero.
[2] - Nota do tradutor: Pelo que parece Calvino se refere aos huguenotes que embora haviam assumido o compromisso com uma confissão de fé reformada, mas na prática ainda preservavam os ídolos, toda a pompa e ritual da missa católica romana. Esta prática evidenciava uma incoerência entre o ato e a convicção de fé.
[3] - Nota do tradutor: Calvino se refere ao culto como uma confissão pública de fé.
 

Tradução livre:
Rev. Ewerton B.Tokashiki
Pastor da Igreja Presbiteriana de Cerejeiras RO.
Prof. de Teologia Sistemática no SPBC extensão Ji-Paraná 

Retirado do site monergismo
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As marcas da verdadeira Igreja - R.C.Sproul



Mt 18.15-17; Rm 11.13-24; 1 Co 1.10-31; Ef 1.22,23; 1 Pe 2.9,10

Visto que o mundo se acha semeado de milhares de instituições distintas chamadas igrejas e visto ser possível que instituições, assim como indivíduos, se tornem apóstatas, é importante sermos capazes de discernir as marcas essenciais de uma verdadeira e legítima igreja visível. Nenhuma igreja está isenta de erros ou pecados. A igreja só será perfeita no céu. Há, porém, uma importante diferença entre corrupção - que afeta todas as instituições - e apostasia. Portanto, para proteger o bem-estar e crescimento do povo de
Deus, é importante definir as marcas da verdadeira igreja.

Historicamente, as marcas da verdadeira igreja têm sido definidas assim: 
(1) a genuína pregação da Palavra de Deus, 
(2) o uso dos sacramentos de acordo com sua instituição e
(3) a prática da disciplina eclesiástica.

(1) A pregação da Palavra de Deus. Embora as igrejas difiram em detalhes teológicos e em níveis de pureza doutrinária, a verdadeira igreja afirma tudo aquilo que é essencial à vida cristã. Semelhantemente, uma igreja é falsa ou apóstata quando nega oficialmente um princípio essencial da fé cristã, tal como a divindade de Cristo, a Trindade, a justificação pela fé, a expiação ou outras doutrinas essenciais à salvação. A Reforma, por exemplo, não moveu um guerra sobre trivialidades, mas sobre uma doutrina fundamental da
salvação. 

(2) A administração dos sacramentos. Negar ou difamar os sacramentos instituídos por Cristo é falsificar a igreja. A profanação da Ceia do Senhor ou o oferecimento deliberado dos sacramentos a pessoas notoriamente não-crentes desqualificaria a igreja de ser reconhecida como igreja verdadeira.

(3) A disciplina eclesiástica. Embora o exercício da disciplina na igreja às vezes erre na direção ou da complacência ou da severidade, ele pode tornar-se tão pervertida a ponto de não mais ser reconhecida como legítima. Por exemplo, se uma igreja - pública e impenitentemente - endossa, pratica ou se recusa a disciplinar pecados grosseiros e hediondos, ela deixa de exibir esta marca de verdadeira igreja.

Embora os cristãos devem ser solenemente advertidos a não nutrirem um espírito cismático ou fomentarem divisões e conflitos, devem ser também advertidos quanto à obrigação de se separarem da falsa comunhão e da apostasia. Toda igreja verdadeira exibe as genuínas marcas de uma igreja, em grau maior ou menor.
A reforma da igreja é uma tarefa interminável. Buscamos mais ser fiéis à vocação bíblica
para pregar, ministrar os sacramentos e a disciplina eclesiástica.

Sumário
1. A verdadeira igreja tem marcas visíveis que a distinguem de uma igreja falsa ou apóstata.
2. A pregação do evangelho é necessário para que uma igreja seja legítima.
3. A administração correta dos sacramentos, sem profanação, é uma marca da igreja. 4. Disciplina contra heresias e pecados grosseiros é uma tarefa necessária da Igreja.
5. A igreja é sempre carente de reforma de acordo com a Palavra de Deus.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 3º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã
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sábado, 6 de julho de 2013


 Por: Alderi Souza de Matos

A questão de como se relacionam o Calvinismo e o capitalismo tem sido objeto de enorme controvérsia, estando longe de produzir um consenso entre os estudiosos. O tema popularizou-se a partir do estudo do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) intitulado A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicado em 1904-1905. Numa tese oposta à de Karl Marx, Weber concluiu que a religião exerce uma profunda influência sobre a vida econômica. Mais especificamente, ele afirmou que a teologia e a ética do calvinismo foram fatores essenciais no de envolvimento do capitalismo do norte da Europa e dos Estados Unidos.

Weber partiu da constatação de que em certos países da Europa um número desproporcional de protestantes estavam envolvidos com ocupações ligadas ao capital, à indústria e ao comércio. Além disso, algumas regiões de fé calvinista ou reformada estavam entre aquelas onde mais floresceu o capitalismo. Na sua pesquisa, ele baseou-se principalmente nos puritanos e em grupos influenciados por eles. Ao analisar os dados, Weber concluiu que entre os puritanos surgiu um “espírito capitalista” que fez do lucro e do ganho um dever. Ele argumenta que esse espírito resultou do sentido cristão de vocação dado pelos protestantes ao trabalho e do conceito de predestinação, tido como central na teologia calvinista. Isso gerou o individualismo e um novo tipo de ascetismo “no mundo” caracterizado por uma vida disciplinada, apego ao trabalho e valorização da poupança. Finalmente, a secularização do espírito protestante gerou a mentalidade burguesa e as realidades cruéis do mundo dos negócios.

Calvino de fato interessou-se vivamente por questões econômicas e existem elementos na sua teologia que certamente contribuíram para uma nova atitude em relação ao trabalho e aos bens materiais. A sua aceitação da posse de riquezas e da propriedade privada, a sua doutrina da vocação e a sua insistência no trabalho e na frugalidade foram alguns dos fatores que colaboraram para o eventual surgimento do capitalismo. Mesmo um crítico contundente da tese de Weber como André Biéler admite: “Calvino e o calvinismo de origem contribuíram, certamente, para tornar muito mais fáceis, no seio das populações reformadas, o desenvolvimento da vida econômica e o surto do capitalismo nascente” (O Pensamento Econômico e Social de Calvino, p. 661).

Todavia, esse e outros autores têm ressaltado como a ética e a teologia do reformador divergem radicalmente dos excessos do capitalismo moderno. Por causa das difíceis realidades econômicas e sociais de Genebra, Calvino escreveu amplamente sobre o assunto. Ele condenou a usura e procurou limitar as taxas de juros, insistindo que os empréstimos aos pobres fossem isentos de qualquer encargo. Ele defendeu a justa remuneração dos trabalhadores e combateu a especulação financeira e a manipulação dos preços, principalmente de alimentos. Embora considerasse a prosperidade um sinal da bondade de Deus, ele valorizou a pessoa do pobre, considerando-o um instrumento de Deus para estimular os mais afortunados à prática da generosidade. A tese de que as riquezas são sinais de eleição e a pobreza é sinal de reprovação é uma caricatura da ética calvinista. Para Calvino, a propriedade, o lucro e o trabalho deviam ser utilizados para o bem comum e para o serviço ao próximo.

Em conclusão, existe uma relação entre o calvinismo e o capitalismo, mas não necessariamente uma relação de causa e efeito. Provavelmente, mesmo sem o calvinismo teria surgido alguma forma de capitalismo. Se é verdade que a teologia e a ética reformadas se adequavam às novas realidades econômicas e as estimularam, todavia, o tipo de calvinismo que mais contribuiu para fortalecer o capitalismo foi um calvinismo secularizado, que havia perdido de vista os seus princípios básicos. Entre esses princípios está a noção de que Deus é o Senhor de toda a vida, inclusive da atividade econômica, e, portanto, esta atividade deve refletir uma ética baseada na justiça, compaixão e solidariedade social.

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sábado, 15 de junho de 2013


O ensino da Escritura a respeito da relação entre Deus e a criação é singular entre as religiões do mundo. A Bíblia ensina que Deus é distinto de sua criação. Ele não é parte dela, pois foi ele quem a fez e a governa. O termo freqüentemente usado para dizer que Deus é muito maior que sua criação é a palavra transcendente. De maneira muito simples, isso significa que Deus está muito “acima” da criação no sentido em que é maior que a criação e independente dela.

Deus está também muito envolvido com a criação, pois ela é continuamente dependente dele para existir e funcionar. O termo técnico usado para falar do envolvimento de Deus com a criação é o termo imanente, que significa “permanecer em” a criação. O Deus da Bíblia não é uma divindade abstrata removida da criação e sem interesse nela. A Bíblia é a história do envolvimento de Deus com sua criação e particularmente com os seres humanos criados. Jó afirma que mesmo os animais e as plantas dependem de Deus : “Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de toda a humanidade” (Jó 12.10). No NT, Paulo afirma que Deus “dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas” e que “nele
vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.25,28). De fato, em Cristo “tudo subsiste” (Cl 1.17), e ele está continuamente “sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa” (Hb 1.3). Tanto a transcendência como a imanência de Deus são afirmadas em um simples versículo quando Paulo fala de “um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos” (Ef 4.6).  

O fato de que a criação é distinta de Deus e no entanto é sempre dependente de Deus e de que Deus está muito acima da criação e mesmo assim envolvido com ela (em resumo, que Deus é tanto transcendente como imanente) .  Isso é claramente distinto do materialismo, que é a filosofia mais comum dos descrentes hoje em dia e que nega igualmente a existência de Deus. O materialismo diria que o universo material é tudo o que há. 
Os cristãos de hoje que colocam o esforço quase total de suas vidas no objetivo de ganhar dinheiro e adquirir mais posses tornam-se materialistas “práticos” em suas atividades, ja que suas vidas não seriam muito diferentes se eles realmente não cressem em Deus.  

A narrativa escriturística da relação entre Deus e sua criação é também distinta do panteísmo . A palavra grega pan significa “tudo” ou “cada”, e panteísmo é a idéia de que tudo, o universo total, é Deus ou é parte de Deus.  O panteísmo nega diversos aspectos essenciais do caráter de Deus. Se o universo inteiro é Deus, então Deus não possui personalidade distinta. Deus não é mais imutável, porque, como o universo muda, Deus também muda. Além disso, Deus não mais é santo, porque o mal no universo também é parte de Deus. Outra dificuldade é que em última análise a maioria dos sistemas panteístas ( como o budismo e muitas outras religiões orientais) acabam negando a importância da personalidade humana individual: como tudo é Deus, a meta do indivíduo seria mesclar-se com o universo e tornar-se mais e mais unido a ele, perdendo assim a sua especificidade individual. Se o próprio Deus não possui identidade pessoal distinta e separada do universo, certamente não devemos nos esforçar para possuí-la também. Assim, o panteísmo destrói não somente a identidade pessoal de  Deus, mas também, de modo definitivo, a dos seres humanos.  

A narrativa bíblica também destrói o dualismo . Essa é a idéia de que tanto Deus como o universo material existem eternamente lado a lado. Assim, há duas forças supremas no universo, Deus e a matéria.  O problema com o dualismo é que ele indica o conflito eterno entre Deus e os aspectos maus do universo material. Deus triunfará de modo definitivo sobre o mal no universo?
Não podemos estar certos, porque tanto Deus como o mal certamente existem eternamente lado a lado. Essa filosofia negaria tanto o senhorio supremo de Deus sobre a criação como também o fato de que a criação veio a existir por causa da vontade de Deus, que ela deve ser usada unicamente para seus propósitos e que ela existe para glorificá-lo. Essa perspectiva também negaria que tudo no universo foi criado inerentemente bom (Gn 1.31) e encorajaria pessoas a ver a realidade material como má em si mesma, em contraste com a genuína narrativa bíblica da criação que Deus fez para ser muito boa e que ele governa para os seus propósitos. 
Um exemplo de dualismo na cultura moderna é a trilogia Guerra nas estrelas, que postula a existência da “força” universal que tem tanto o lado bom como o mau. Não há o conceito do Deus transcendente e santo que governa tudo e certamente triunfará sobre tudo. Quando os não-cristãos hoje começam a ficar conscientes da realidade espiritual no universo, eles muitas vezes se tornam dualistas, reconhecendo apenas que há aspectos bons e maus no mundo sobrenatural ou espiritual. 

O movimento Nova Era é na maior parte dualista. Naturalmente Satanás está se deliciando por haver pessoas pensando que existe uma força má no universo que talvez seja igual ao próprio Deus. 
A visão cristã da criação é também distinta da perspectiva do deísmo . O deísmo é a visão de que Deus não está agora diretamente envolvido com a criação. O deísmo geralmente sustenta que Deus criou o universo e é muito maior que ele (Deus é
“transcendente”). Alguns deístas também concordam que Deus tem padrões morais e por fim vai considerar as pessoas responsáveis no dia do juízo. Mas eles negam o envolvimento atual de Deus com o mundo, não dando assim espaço algum para sua imanência na ordem criada. Ao contrário, Deus é visto como o relojoeiro divino que deu corda no relógio da criação no início, mas depois o deixou funcionar por si próprio.  Ao mesmo tempo em que o deísmo afirma a transcendência de Deus, ele nega quase toda a história da Bíblia, que é a história do envolvimento ativo de Deus no mundo. Muitos cristãos nominais ou “mornos” são de fato deístas práticos, já que vivem longe da oração genuína, adoração, temor de Deus ou confiança contínua em Deus para que este cuide das necessidades que surgem.  

Autor:  Wayne Grudem.
Fonte: Teologia Sistemática do autor, Ed. Vida Nova
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quinta-feira, 13 de junho de 2013


Olhai os lírios do Campo é uma maravilhosa obra cujo o autor se chama Erico Veríssimo, é a historia de Eugênio um garoto que nasceu em uma família pobre cujo irmão se chamava Ernesto e o pai se chama Ângelo ( talvez seja uma tentativa de passar uma figura angelical e pura ) Ângelo era velho, pobre, banana e dotado de muitas inferioridades (segundo a visão de Eugênio ) , Eugênio não conseguia amar o pai, ele sempre sofreu por ter nascido pobre , e ele amava odiar sua condição , era torturado por sua consciência, eu nasci pobre , eu sou um lixo, pensava Eugênio, a sua condição social acrescido do seu complexo de inferioridade, lhe fez um homem sofredor, Eugênio é vitima e ao mesmo tempo culpado pela mentalidade inútil dos homens , não existe nada de novo no comportamento humano sempre correndo atrás da felicidade nas riquezas, no status social, no poder , e tornam-se cada vez mais loucos , mais gananciosos, e mais infelizes afinal “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8:36) , mas Eugênio conhece Olivia que é o amor da sua vida , encontra nela a redenção dos seus pecados, a salvação dos seus medos , e a cura da sua loucura (não no sentido soteriológico) , Olivia é uma pessoa enigmática , uma moça pobre, sofredora , mas é uma pessoa nobre, Eugênio tem uma filha com Olivia que se chama Anamaria, mas apesar de amar Olivia ele casa-se com Eunice por dinheiro , e por status, mas sempre foi atormentado pelo seu complexo de inferioridade , mesmo depois de conseguir o almejado status social, no final do livro Eugênio fica bem consigo mesmo , essa é a pior situação quando um impio como Eugênio acredita ter achado a paz de consciência fora de Cristo, não existe paz fora de Cristo, Eugênio engana a si mesmo, ao contrario do Cristão , personagem de o Peregrino que livra-se dos fardos na Cruz , Eugênio quer se livrar dos fardos por meio da velha e boa moralidade. O maior erro de Eugênio é acreditar que está bem consigo mesmo. Uma das coisas interessantes que o livro trata é o problema do mal, eugenio era um ateu que se entregava ao seu deus, em uma citação do livro Olivia diz “Um amigo meu, que se dizia ateu, nas noites de tormenta desafiava Deus, gritava para as nuvens, provocando o raio. Deus é tão poderoso que está presente até nos pensamentos dos que dizem não acreditar na sua existência. Nunca encontrei um ateu sereno.” Afinal existe muito ateu em momentos de dor que dobra seu joelho e se torna “crente” novamente , mas em momentos de bonança como uma criança revoltada, gosta de repedir a frase – deuso num esisti, eu num ô veju. O titulo do livro é sobre a frase de Jesus no sermão da montanha “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo [mais] do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; (Mt 6: 25- 28)”.
Eugênio um indivíduo transloucado não olhava pros lírios do campo que Deus com sua providencia e poder sustenta, afinal Deus sustenta todas as coisas , e você tem olhado para os lírios do campo ?
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quinta-feira, 30 de maio de 2013


Retirado do site monergismo, e unido em um só arquivo. 

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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Os problemas que aparecem com a negação da inerrância bíblica são muito significativos  e, quando entendemos a magnitude desses problemas, isso nos dá o encorajamento adicional não somente para afirmar a inerrância, mas também para garantir sua importância para a igreja. Alguns dos problemas mais sérios são os listados a seguir:

a.Se negarmos a inerrância, deparamos com um sério problema moral: Podemos imitar  Deus e intencionalmente mentir nas pequenas coisas também? Efésios 5.1 nos diz que  sejamos imitadores de Deus. Mas a negação de inerrância que ainda alega que as   6  palavras da Escritura são palavras sopradas por Deus necessariamente leva à conclusão  de que Deus intencionalmente falou falsamente para nós em algumas das afirmações menos centrais da Escritura. Mas, se para Deus é correto agir assim, como pode ser errado para nós? Tal linha de raciocínio, se crêssemos nela, exerceria grande pressão sobre nós para que começássemos a falar inverdades em situações onde poderiam parecer de ajuda em nossa comunicação, e assim por diante. Essa posição seria uma ladeira escorregadia com resultados negativos sempre crescentes em nossa vida.

b.Segundo, se a inerrância é negada, começamos a pensar se realmente podemos confiar em Deus em qualquer coisa que ele venha a dizer.
Uma vez que nos convençamos de que Deus nos falou de maneira falsa em alguns assuntos de menor importância na Escritura, percebemos que Deus é capaz de nos falar falsamente. Isso ocasionará um efeito prejudicial sério sobre a nossa capacidade de levar Deus a sério em sua palavra e confiar nele completamente ou obedecer a ele plenamente no restante da Escritura. Podemos começar a desobedecer inicialmente nas seções da Escritura que menos desejaríamos obedecer, e desconfiar inicialmente das seções nas quais estaríamos menos inclinados a confiar. Mas tal procedimento finalmente se expandirá, para grande prejuízo de nossa vida espiritual. 

c. Terceiro, se negarmos a inerrância, essencialmente faremos da mente o padrão de verdade mais alto que a própria Palavra de Deus.
Usamos nossa mente para estabelecer juízo sobre algumas partes da Palavra de Deus e as pronunciamos como contendo erros. Mas isso é, de fato, dizer que conhecemos a verdade com mais certeza e mais exatidão que a própria Palavra de Deus (ou que Deus), ao menos nessas áreas. Tal procedimento, que torna nossa mente o padrão mais alto de verdade que a Palavra de Deus, é a raiz de todo o pecado intelectual.

d.Quarto, se negarmos a inerrância, devemos também dizer que a Bíblia esta errada não somente nos detalhes menos importantes, mas igualmente em algumas de  suas doutrinas.  A negação da inerrância significa dizermos que o ensino da Bíblia a respeito da natureza
da Escritura e a respeito da veracidade e confiabilidade das palavras de Deus também é falso. Esses não são pequenos detalhes, e sim preocupações doutrinárias muito importantes na Escritura.

e. A Palavra de Deus escrita é a nossa autoridade final. É importante perceber que a forma final na qual a Escritura é cheia de autoridade é a forma escrita. Foram as palavras de Deus escritas em tábuas de pedra que Moisés depositou na arca da aliança.
Mais tarde, Deus ordenou a Moisés e subseqüentemente aos profetas para escreverem suas palavras em um livro. Foi a Palavra de Deus escrita que Paulo disse ser ”inspirada” (gr. graphē em 2Tm 3.16). Isso é importante porque as pessoas às vezes (de forma intencional ou não) tentam substituir as palavras escritas da Escritura por algum outro padrão final. Por exemplo, elas se referem ao “que Jesus realmente disse” e afirmam que, quando traduzimos as palavras gregas dos evangelhos para a língua aramaica que Jesus falou, podemos obter entendimento melhor das palavras de Jesus do que foi dado pelos escritores dos evangelhos. Em outros casos, há quem alegue conhecer ”o que Paulo realmente pensava” mesmo quando esse conhecimento é diferente do significado das palavras que ele escreveu. Ou falam do “que Paulo teria dito se ele tivesse sido coerente com o restante de sua teologia”. De modo semelhante, outras pessoas falam da “situação da igreja à qual Mateus está escrevendo” e tentam dar força normativa tanto para essa situação como para a solução que pensam que Mateus estava tentando produzir nessa situação.
Em todos esses exemplos, devemos admitir que perguntar a respeito das palavras ou situações que estão por trás do texto da Escritura pode, às vezes, ser útil para nós no entendimento do que o texto significa. Não obstante, nossas reconstruções hipotéticas dessas palavras ou situações podem nunca substituir ou competir com a própria Escritura como a autoridade final, nem devemos permitir que contradigam ou levantem dúvidas sobre a exatidão de qualquer das palavras da Escritura. Devemos continuamente relembrar que temos na Bíblia as verdadeiras palavras de Deus, e não podemos tentar “melhorá-las” de algum modo, pois isso não pode ser feito. Ao contrário, devemos procurar entendê-las e, então, confiar nelas e obedecer a elas de todo o nosso coração. 

Embora as posições indesejáveis listadas acima estejam logicamente relacionadas à negação da inerrância, uma Palavra de advertência se faz necessária: nem todos que negam a inerrância adotarão também as conclusões indesejáveis mencionadas. Algumas pessoas (provavelmente de modo incoerente) negarão a inerrância, mas não caminharão para esses passos lógicos. Em debates sobre a inerrância, como em outras discussões teológicas, é importante que critiquemos as pessoas com base nas idéias que elas realmente sustentam e que distingamos claramente essas idéias das posições que pensamos que elas sustentam, para ver se estas estão de acordo com as próprias idéias afirmadas.

Autor:  Wayne Grudem.
Fonte: Teologia Sistemática do autor, Ed. Vida Nova. Compre este livro em
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terça-feira, 30 de abril de 2013





Por Wayne Grudem 

Existe algum papel a ser desempenhado pelos estudiosos da Bíblia ou por aqueles com
conhecimento especializado em hebraico (para o AT) e em grego (para o NT)? Certamente há uma função para eles em ao menos quatro áreas.


Primeiro, eles podem ensinar a Escritura com muita clareza, comunicando o seu conteúdo a outros, e assim cumprem o ofício de ”mestre”, que é mencionado no NT (lCo 12.28; Ef 4.11).


Segundo, eles podem explorar novas áreas para o entendimento dos ensinos da Escritura. Essa exploração raramente envolverá a negação dos principais ensinos que a igreja tem sustentado através dos séculos; muitas vezes, no entanto, envolverá a aplicação da Escritura a novas áreas da vida, em resposta às questões difíceis que têm sido levantadas tanto por crentes como por não-crentes em cada novo período da história, bem como a contínua atividade de refinar e tornar mais preciso o entendimento da igreja dos pontos detalhados de interpretação de versículos isolados ou de assuntos de doutrina ou de ética.


Terceiro, eles podem defender os ensinos da Bíblia contra os ataques de outros estudiosos ou daqueles com treinamento técnico especializado. O papel de ensino da Palavra de Deus às vezes envolve a correção de falsos ensinos. Uma pessoa deve ser capaz não somente de “encorajar outros pela sã doutrina”, mas também de “refutar os que se opõem a ela” (Tt 1.9; 2Tm 2.25: “Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem...”; e Tt 2.7,8). Algumas vezes, os que atacam os ensinos bíblicos têm treinamento especializado e conhecimento técnico em estudos históricos, lingüísticos ou filosóficos e usam esse preparo para montar ataques sofisticados contra o ensino da Escritura. Em tais casos, os crentes com habilidades especializadas semelhantes podem usar seu preparo para entender e responder a tais ataques. 


Em última análise, eles podem suplementar o estudo da Escritura para o benefício da igreja. Estudiosos da Bíblia muitas vezes têm o preparo que os capacitará a relacionar os ensinos da Escritura à rica história da igreja e a tornar a interpretação da Escritura mais precisa, bem como o seu significado mais vívido, relacionado ao conhecimento maior das línguas e culturas nas quais a Bíblia foi escrita.

Essas quatro funções beneficiam a igreja como um todo, e todos os crentes devem ser
agradecidos por aqueles que as realizam. Contudo, essas funções não incluem o direito de
decidir pela igreja como um todo qual é a verdadeira ou falsa doutrina, ou qual é a conduta
adequada para uma situação difícil. Se tal direito de preservação fosse dos estudiosos da Bíblia formalmente treinados, então eles se tornariam a elite governante na igreja, e o funcionamento ordinário do governo da igreja, como descrito no NT, cessaria de existir. O processo de tomar decisões pela igreja deve ser deixado aos oficiais da igrejas, sejam eles estudiosos ou não (e, nas igrejas onde há a forma congregacional de governo, não somente aos oficiais, mas também às pessoas da igreja como um todo). 

Fonte: Teologia Sistemática do Autor; Ed. Vida Nova
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sexta-feira, 26 de abril de 2013


 

 Por Wayne Grudem 
 
 3. As palavras de Deus são o padrão supremo de verdade.

Em João 17, Jesus ora ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo17.17). Esse versículo é interessante porque Jesus não usa um adjetivo, alēthinos oualēthēs (“verdadeira”), que era o esperado, para dizer que a ”tua palavra é a verdade”.
Ao contrário, ele usa um substantivo, alētheia (“verdade”), para dizer que a Palavra de Deus não é simplesmente “verdadeira”, mas é a própria verdade.
A diferença é significativa, porque essa afirmação nos encoraja a pensar na Bíblia não simplesmente como “verdadeira” no sentido em que a conformamos ao padrão mais alto de verdade, mas, antes, encoraja-nos a pensar da Bíblia como ela própria o padrão final de verdade. A Bíblia é a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus é a definição última do que é verdadeiro e do que não é verdadeiro: a Palavra de Deus, em si mesma, é a verdade. Assim, devemos pensar na Bíblia como o padrão último da verdade, o ponto de referência pelo qual qualquer outra alegação de veracidade possa ser medida.As declarações que se conformam à Escritura são “verdadeiras”, ao passo que as que não se conformam à Escritura não o são.
Então, o que é a verdade? A verdade é o que Deus diz, e temos o que Deus diz (exatamente, não exaustivamente) na Bíblia.
Essa doutrina da veracidade absoluta da Escritura permanece em contraste claro com a concepção comum na sociedade moderna que muitas vezes é chamada pluralismo.
O pluralismo é o pensamento de que cada pessoa tem uma perspectiva sobre a verdade que é tão válida como a perspectiva de outra pessoa qualquer — portanto, não devemos dizer que a religião ou o padrão ético de outra pessoa esteja errado. De acordo com o pluralismo, não podemos conhecer a verdade absoluta; podemos somente ter perspectivas e expectativas próprias. Naturalmente, se o pluralismo é verdadeiro, a Bíblia não pode ser o que ela declara ser: as palavras que o único e verdadeiro Deus, o criador e juiz de todo o mundo, nos tem falado.
O pluralismo é um aspecto do pensamento contemporâneo global do mundo chamado pós-modernismo. O pós-modernismo não sustentaria simplesmente que nunca podemos encontrar a verdade absoluta; ele diria que a verdade absoluta não existe. Todas as tentativas de afirmar a verdade em uma ou em outra idéia são justamente o resultado de nossa origem, cultura, tendências, projetos pessoais (especialmente nosso desejo de poder). Tal visão do mundo, é claro, opõe-se diretamente à visão bíblica, que vê a Bíblia como verdade que nos foi dada da parte de Deus.

4. Podem alguns fatos novos contradizer a Bíblia?

Poderá qualquer novo fato científico ou histórico que venha a ser descoberto contradizer a Bíblia? Aqui podemos dizer com confiança que isso nunca acontecerá é algo impossível. Se qualquer “fato” suposto for descoberto que seja considerado contrário à Escritura, então (se entendemos a Escritura corretamente) tal “fato” deve ser falso, porque Deus, o autor da Escritura, conhece todos os fatos verdadeiros (passados, presentes e futuros). Nenhum acontecimento inesperado aparecerá do qual Deus não tenha tido conhecimento no passado e que não tenha levado em conta quando fez a Escritura ser escrita. Cada fato verdadeiro é algo que Deus já conhecia desde toda a eternidade e, portanto, não poderia contradizer as palavras de Deus na Escritura.
Não obstante, deve ser lembrado que o estudo científico ou histórico (assim como outras espécies de estudo da criação) pode fazer-nos reexaminar a Escritura para ver se ela realmente ensina o que pensamos que ela ensinava. Por exemplo, a Bíblia não ensina que o sol gira ao redor da terra só porque ela usa descrições dos fenômenos como os vemos de nossa perspectiva, nem pretende descrever as operações do universo de algum ponto “fixo” arbitrário em algum lugar no espaço. Todavia, até o estudo da astronomia ter avançado o suficiente para demonstrar a rotação da terra sobre o próprio eixo, as pessoas presumiam que a Bíblia ensinava que o sol girava ao redor da terra. Assim, o estudo dos dados científicos levou ao reexame dos textos bíblicos apropriados. Portanto, todas as vezes que confrontados algum “fato” que parece contradizer a Escritura, devemos não somente examinar os dados apresentados para demonstrar o fato em questão; devemos também reexaminar os textos bíblicos apropriados para ver se a Bíblia realmente ensina o que pensamos que ela ensina. Podemos fazer isso com confiança, pois nenhum fato verdadeiro jamais contrariará as palavras do Deus que conhece todos os fatos e que nunca mente.

Autor: Wayne Grudem
Fonte: Teologia Sistemática do Autor; Ed. Vida Nova. 
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