quarta-feira, 9 de julho de 2014

Bases práticas para o namoro cristão




A pouco tempo vivemos o dia dos namorados e passeando pelo corredor de um mercado vi estampado em uma revista uma manchete que informava a separação do meia Kaká e de sua esposa Carol Celico. O divórcio dentro dos padrões bíblicos (adultério – Mateus 19.9 e, no jugo desigual, resistência do ímpio em permitir que a parte crente continue fiel – 1 Coríntios 7.15) é aceitável, porém nunca imposto ou recomendado, pois acreditamos que Deus pode restaurar um casamento como fez com o profeta Oséias e Gômer. Contudo gosto de tentar ir além das informações e pensa no porquê delas.

Na semana em que se comemora o namoro e casais trocam juras de amor eterno, um casal, jovem, bonito, bem sucedido, literalmente um casal de comercial de margarina, ou melhor, Nutella. Essa informação tem um prazer especial ao mundo que jaz no maligno, pois se trata de um casal que desde o namoro se professou crente, casaram virgens e serviam como referência a muitos casais cristãos, pois ele era fiel em seu dízimo (milionário) mesmo diante das lambanças dos “pastores”, ela pastora, pregadora da Palavra e cantora de músicas evangélicas.

Eles tinham tudo para envelheceram juntos. Humanamente, tinham tudo. Entretanto essa situação mostra como nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra principados e potestades (Ef 6.12). Saúde, sucesso, beleza em uma vida confortável contam muito pouco diante das tentações que os servos de Deus são submetidos todos os dias. Só a graça de nosso misericordioso Senhor pode nos sustentar nos tentos difíceis, quando perdemos até o essencial para viver, como Jó, ou quando estamos deprimidos como Elias (1 Reis 19.4).

Muitos casais evangélicos e tementes a Deus estão agora começando a trilhar o caminho a dois que serve como parábola da relação de Cristo com a igreja (Ef 5.32).

O que não pode me influenciar na hora de escolher alguém para namorar:
1. Ansiedade: geralmente, os jovens acham que o tempo passa muito rápido e que, se não arrumarem logo alguém, ficarão sozinhos para sempre. A Bíblia diz que a esposa prudente vem do Senhor e podemos aplicar essa ideia ao marido prudente (Pv 19.14b). Quando o homem percebeu que em toda aquela perfeita criação não lhe havia auxiliadora que lhe fosse idônea (Gn 2.20), Deus já havia identificado seu problema e estava providenciando a solução (Gn 2.18). O coração ansioso nesse momento não atrapalha a Deus, mas pode tirar o meu foco do Senhor e me levar ao desgaste desnecessário. Não é à toa que Paulo nos adverte: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”. (Fl 4.6). Precisamos habilmente trocar a ansiedade pela oração. Devemos, como Adão, depende exclusivamente de Deus em nossos relacionamentos, todavia Deus age no tempo dele e não no nosso.

2. Beleza: Vinícius de Morais afirmava: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. Esse pensamento ímpio mostra que devemos ter como nossa principal meta a beleza física. Assim como comprar um livro pela capa não é uma decisão sábia, conviver com alguém apenas pela sua aparência física com certeza não é a melhor maneira se começar um relacionamento, pois a Bíblia diz: “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada” (Pv 31.30). A beleza exterior é facilmente corrompida pela ação do tempo e sempre existiram mulheres e homens mais belos. O rei Lemuel da Massá está em provérbios 31 repetindo o que ouviu de sua mãe: uma pessoa é bela ou feia pelo seu temor a Deus e não pelos padrões de beleza impostos pela mídia.

3. Membrezia: muitos jovens são ávidos praticantes do namoro missionário. Nessa modalidade se toma uma pessoa do mundo, mesmo sabendo que isso é jugo desigual e, via de regra não agrada o Senhor (2 Cor 6.14), mas tentam dar a ele todos os adereços que uma pessoa crente têm, ou seja, tem que ser crente e frequentar a igreja. Cuidado: nem todos os que estão na igreja são crentes, mas todo crente está na igreja. Essa história de conheci na igreja, logo é crente não sempre verdade: 

a.) Cristo disse que o trigo (o crente, os filhos do reino) e o joio (o ímpio, os filhos do maligno) devem crescer lado a lado até o dia do juízo (Mateus 13.29,30). Em todas igrejas, convivem simultaneamente duas congregações: a igreja visível (formada por todos aqueles que fazem parte do rol de membros) e a invisível (aquela que é formada pelos eleitos e só Deus conhece);
b.) O tempo com Cristo mudou os eleitos, mas os ímpios ficaram mais endurecidos: o Jovem rico (Mt 19.21,22), Judas, etc. Jesus veio para salvar o trigo e não para transformar o joio em trigo. Se Cristo não fez isso, não tente com seu namorado ou namorada.
c.) Se conhece o crente não pela denominação em que ele faz parte, mas pela vida com Deus que ele tem, ou seja, você deve se perguntar: as atitudes dele são de ímpio ou de alguém que teme a Deus? Ele ora? Ele lê a Bíblia e a pratica? (cuidado que até satanás conhece a Bíblia, mas jamais para praticá-la – Veja Mateus 4.1-11)

O que não pode ter um namoro cristão:
1. Falta de compromisso: “ficar”, por mais natural que seja aos ímpios nunca foi uma prática aprovada por Deus. Quando o Senhor foi dar auxiliadora idônea a Adão não lhe perguntou quantas queria ou deu a ela a oportunidade de se ele não gostasse dela ele faria outra. Deus tirou-lhe uma costela e lhe fez uma só esposa (Gn 2.22) e os dois passaram a ser uma só carne (Gn 2.24). O namora tem que ser sempre visando o casamento e não uma maneira mundana de usar as pessoas como se fossem objetos.

2. Falta de objetivo: a falta de objetivo é irmã gêmea univitelina da falta de compromisso a diferença está no fato de enquanto está não chega ao namoro (porque se troca de namorado ou namorada como roupa), aquela não chega ao casamento. A falta de objetivo cultiva relacionamentos longos de namoro e noivado. Especialmente, em nossa cultura, o casamento é muito idealizado e se exige que o jovem tenha muito requisitos para se casar como casa, carro, sucesso profissional, todavia, como vimos na história do Kaká e da Carol isso não é suficiente se faltar o temor a Deus e o sincero desejo de viver para a glória dele. Geralmente, namoros longos levam a uma vida matrimonial fora da bênção de Deus.
3. Falta de fidelidade: namoro deve seguir o mesmo padrão de fidelidade do casamento, quem trai enquanto namora provavelmente continuará traindo depois de casado. A bênção matrimonial não tem poder de desligar os vícios e pecados, mas rogar a misericórdia e a graça de Deus para o casal, juntos, possam vencê-los.

4. Falta de sinceridade.

5. Sexo: em certa ocasião me perguntaram: “qual lugar na Bíblia vemos que o sexo deve ser realizado depois do casamento?” Respondi: “Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado” (1Cor 7.9). Tinha um colega de quarto no tempo de JMC, cujo pai lhe dizia: “Filho, namore de olhos abertos, porque quando você se casar deverá fechá-los”. Esse pensamento é muito interessante, pois de fato inúmeros casais querem namorar de olhos fechados. Todos os pecados são bonitinhos e facilmente perdoados, porque tudo vale em nome do amor, porém quando se casam passam a brigar por essas mazelas. O sexo vem ao encontro dessa realidade, pois funciona como um perfeito verniz, capaz de camuflar as mais terríveis falhas. Quando o casal de namorados inicia a vida sexual antes do casamento, além de desagradarem a Deus, deixam de olhar verdadeiramente a pessoa com quem estão se relacionando e correm o risco de comprar “gato por lebre”. A melhor solução para um casal que dá choque quando se tocam e não agüentam mais é o casamento ou se largarem.

O que não pode faltar no namoro
1. Uma boa teologia: Dave Harvey, no livro Quando pecadores dizem sim, uma ótima leitura para casais e solteiros que querem casar, afirma que o casamento é como abotoar uma camisa, se eu errar no primeiro botão todos os demais sairão errados eu querendo ou não. Ele defende que o primeiro botão do casamento é uma boa teologia, pois o alicerce do meu casamento deve ser a Bíblia, porque é por meio dela que entendemos o sentido do casamento o que funciona e o que não funciona nele. A fonte do meu casamento e namoro deve ser o evangelho, pois ele mostra que no nascimento, morte e ressurreição de Cristo está a solução para os pecados do ser humano (seja este meu marido ou minha esposa). O foco, o objetivo do meu casamento ou do meu namoro (pessoas casadas devem ser eternos namorados) é a glória de Deus e não minha felicidade pessoal. Vivemos na sociedade do descartável. Quando algo não funciona como gostaríamos jogamos fora e compramos outro (às vezes a vida útil de um produto dura o tempo das prestações) e achamos que a mesma ideia pode ser aplicada ao casamento. Muitos namorados vão se casar e, na porta do cartório, pensam: se não der certo eu separo. O namoro e o noivado podem e devem ser desfeitos quando ambos percebem que não viveram aquela relação para a glória de Deus, mas no casamento não é assim, essa ideia de separação, antes do casamento, por mais simples que seja é grande rebeldia contra Deus.

2. Oração: um casal de orar continuamente um com o outro, um pelo outro. O bom namoro começa com oração (não aquela palhaçada de jovens que começam a “namo-orar”, mas que não passa de uma desculpa piedosa e dizer para Deus o que eles querem fazer, são poucos aqueles que antes de se envolver com alguém recorrem às Escrituras, consultam os pais, a liderança em busca de melhor discernimento e acatam o “sim” e o “não” de Deus por esses meios com retidão). Se Davi tivesse orado para saber a vontade de Deus sobre se envolver ou não com Bate-Seba, tal como fez antes de perseguir os amalequitas que saquearam Ziclague (1Sm 30.7,8), muito sofrimento lhe seria poupado. Geralmente, quando casais se desentendem é porque a glória de Deus não é mais o objetivo de suas vidas.

3. Santidade: o autor de Hebreus afirma que sem santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14), por isso, o casal de namorados que deseja caminhar para o caamento devem cultivar o hábito da oração, da leitura da Palavra, devem frequentar a igreja. Não se deve esperar para viver de forma coerente com as Escrituras após a lua de mel, mas desde o início do namoro. Se você acha que isso é impossível ou complicado com seu namorado ou namorada, então você deve repensar sua relação.

4. Firme propósito de fazer o outro feliz: a base de um bom relacionamento não é sentir-se feliz, mas fazer o outro feliz (sempre tendo como padrão último e supremo tribunal a Bíblia Sagrada).

5. Buscar conselhos: raramente um casal busca o pastor, um presbítero ou um diácono para pedir conselho de deve se relacionar com determinada pessoa ou não. Geralmente, quando o relacionamento está bem adiantado e, infelizmente, em pecado é que isso chega à liderança que precisa agir com disciplina. Buscar pessoas piedosas para pedir orientação sobre o início de um namoro, pois “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança” (Pv 11.14).

6. Servir a glória de Deus: o bom namoro serve a Deus e se preocupa com a glória e o testemunho dele, por isso, um casal crente buscará viver de forma condizente com os imperativos a Santa Palavra para que caminhando para o casamento as pessoas ao verem o seu relacionamento possam visualizar o próprio relacionamento de Cristo com a igreja.

Maria de Melo Chaves, no livro Bandeirantes da Fé, contando sobre o casamento dos pais diz que eles ficaram noivos no segundo dia que se viram, se casaram rapidamente e foram muito felizes e para explicar essa realidade que ficou no passado diz: Maria Melo Chaves: “tudo era mais simples, poético, mais firme, sem as complicações de nossos dias em que o convívio exagerado muitas vezes prejudica e destrói as melhores uniões, mesmo antes de se tornarem efetivas. Como o cupido se transforma com a marcha do tempo”.

Existem muitos cursos e livros que se propõem a ensinar como ter um casamento feliz e, inúmeros, acabam ensinando finanças e psicologia barata, todavia somente a Palavra inspirada de Deus poder fazer o homem “perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.17) e aquele que pauta sua vida pela vontade de Deus teme o Senhor e teme desagradá-lo essa é a grande lição para um bom namoro e um casamento feliz, pois sem Cristo nada podemos fazer (Jo 15.5).

Reverendo Diego José Gonçalves Dias, pastor da 3° igreja presbiteriana de Barretos.

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