quarta-feira, 17 de abril de 2013

Filosofia e Religião - Francis Schaeffer



 Deixe-me agora fazer duas observações genéricas. Primeiro, a filosofia e a religião lidam com as mesmas questões básicas. Os cristãos, especialmente os cristãos evangélicos, tendem  a  esquecer-se  disso.  A  filosofia  e  a  religião  não  tratam  de  questões  diferentes, embora dêem explicações diferentes e usem terminologia diferenciada. As questões básicas, tanto  da  filosofia  quanto  da  religião  (e  estou  me  referindo  à  religião  no  sentido  lato, incluindo o Cristianismo), são as questões do Ser (isto é, do que existe), do homem e seu dilema (da moral), da epistemologia (de como o homem adquire conhecimento). A filosofia lida com estes pontos,  mas o mesmo acontece com  a religião, incluindo o “Cristianismo evangélico ortodoxo”.

A segunda observação genérica refere-se aos dois sentidos da palavra filosofia, que  precisam manter-se completamente separados, se quisermos evitar confusões. O primeiro sentido é o da disciplina, um tópico do currículo acadêmico. Essa é a idéia que geralmente associamos  à  filosofia:  um  estudo  altamente  técnico  que  poucas  pessoas  são  capazes  de acompanhar.  Neste  sentido,  poucos  são  filósofos.  Mas  há  um  segundo  sentido  que  não devemos esquecer, se quisermos entender o problema da pregação do evangelho no mundo do século 20. Pois a filosofia também significa a visão de mundo de alguém

Neste sentido, todos  somos  filósofos,  pois  todos  temos  uma  visão  de  mundo.  Isso  vale  tanto  para  o homem cavando uma vala quanto para o filósofo na universidade.
Os cristãos têm tendido a desprezar o conceito de filosofia. Esta tem sido uma das fraquezas  do  Cristianismo  evangélico  ortodoxo  –  temos  nos  vangloriado  em  nosso
desprezo  à  filosofia  e  nos  orgulhado  excessivamente  da  condenação  de  tudo  quanto  diz respeito  ao  intelecto.  Nossos  seminários  teológicos  dificilmente  fazem  qualquer  relação entre  a  sua  teologia  e  a  filosofia,  principalmente  no  que  diz  respeito  à  filosofia contemporânea. Assim, os estudantes formam-se nos seminários teológicos sem a mínima noção de como relacionar o Cristianismo às visões de mundo a seu redor. Não que eles não saibam  respostas.  Pelo  que  tenho  observado,  a  maioria  dos  estudantes  que  se  tornam bacharéis em seminários teológicos desconhecem as perguntas. Na verdade, a filosofia é universal no seu escopo. Nenhum ser humano é capaz de viver sem uma visão de mundo; por isso, não há ser humano que não seja um filósofo.

Fonte:  O  Deus  que  se  Revela,  Francis  Schaeffer,
Editora Cultura Cristã, p. 41-42.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott